19/10/2015

Barredo



(...) São duas irmãs. A primeira é entrevada. Não se pode mexer. Serviu muitos anos uma família aonde esteve até há poucos meses, mas a senhora dela morreu e os seus descendentes não a quiseram por herança. Que pena eu tive desta velhinha que perdeu tudo, quando de tudo precisa; que estava afeita às suas coisas e agora não tem nada. Nem o sol entra naquele quarto. Que pena eu tenho dela. Trago-a e tenho-a no coração. A irmã que a zela é uma heroína. Ela é cancerosa. Tenta descobrir-se para me mostrar e eu disse-lhe que não. Quando lhe perguntei se tinha muitas dores, ela responde com simplicidade que agora tem de cuidar da irmã! Isto é o Barredo. Esta é a palavra mais funda que hoje existe em Portugal. Aqui é terra de Heróis, de Mártires e de Santos. Nós somos a vulgaridade.(...)

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